Quando
a relação entre exercícios e recuperação está desproporcional o desequilíbrio
pode afetar o corpo todo
Exercícios
fazem bem à saúde. Exercícios demais fazem mal. Essa é a regra básica para quem
pretende começar ou já pratica algum esporte. Se as horas ou a intensidade do
treino forem exageradas, há risco de overtraining.
O
termo estrangeiro foi um dos destaques do 22º Congresso Brasileiro de Medicina
do Exercício e Esporte, que terminou no sábado (7/8) em Curitiba (PR) e se
refere a um desequilíbrio fisiológico que resulta em queda no rendimento e
perda de massa muscular, entre uma série de outros sintomas bem desagradáveis.
E o
pior é que não existe uma fórmula de treinamento padrão para nenhum esporte,
pois a dinâmica de cada organismo é muito particular. Ela varia de acordo com
cada um, e também no decorrer da vida do esportista, seja ela amador ou
profissional.
Treino
e recuperação
O
desequilíbrio do organismo acontece quando a relação entre treino e recuperação
está desproporcional. A prática de qualquer esporte gera um desgaste no
organismo, caracterizado por pequenas lesões, desidratação e até variações
hormonais.
Esse
desgaste precisa ser recuperado com uma boa alimentação e tempo adequado de descanso.
“É o princípio da super compensação”, esclarece Luiz Antônio Barcellos
Crescente, professor de medicina do esporte na Universidade Luterana do Brasil
e fisiologista do Sport Club Internacional, de Porto Alegre.
Se há
equilíbrio nesta delicada equação, o esportista vai melhorar seu
condicionamento físico. Dependendo do esporte, isso implica em ganho de massa
muscular e de fôlego, além de melhor desempenho na atividade em si. Se há
desequilíbrio, o corpo irá dar sinais de alerta.
Efeito
cumulativo
A queda
no desempenho do esportista é um dos primeiros e mais frequentes sinais do
overtraining. “A pessoa estranha porque está fazendo os mesmos exercícios, mas
se cansa mais rápido, como se estivesse realizando um esforço acima do normal”,
descreve fisiologia do exercício Paulo Zogaib, professor da Unifesp.
O
overtraining aumenta o risco de irritabilidade, distúrbios do sono, perda de
peso e dor muscular. Em alguns casos, o indivíduo chega a sofrer redução na
coordenação motora. Este desequilíbrio é aceito pelo organismo por pouco tempo,
numa espécie de efeito cumulativo.
Se a
linha do desgaste ultrapassar a capacidade que o corpo tem de enfrentá-lo, as
consequências podem afetar importantes hormônios do corpo. Hormônio do
crescimento e testosterona, por exemplo, ajudam a melhorar o desempenho físico.
Já a cortizona é um importante anti-inflamatório, responsável pelo combate ao
estresse dos exercícios. Mas se as doses liberadas forem altas demais,
consequência do treino exagerado, o efeito delas também muda. “O hormônio
começa a retirar materiais da massa magra e causa redução muscular”, explica
Zogaib.
Mulheres
Como a
liberação de hormônio do crescimento e de testosterona é menor na mulher, o
desequilíbrio fisiológico acontece com mais facilidade. “O overtraining é mais
comum em mulheres e crianças”, afirma o fisiologista do exercício.
Alterações
no ciclo menstrual podem ocorrer e desencadear um processo chamado de tríade da
mulher atleta. Entre os riscos estão a interrupção da menstruação (amenorreia)
e a redução da absorção de cálcio pelos ossos. Isso aumenta as chances de
osteopenia, osteoporose e de fraturas por estresse.
E não
adianta simplesmente reduzir a carga de treino, pois o efeito acumulado do
desgaste físico requer uma ampla recuperação e reavaliação das condições de
treino. “A alimentação precisa ser revisada e pode ser necessário adotar alguma
forma de suplementação”, recomenda Zogaib.
O
ritmo de treino, após uma temporada de recuperação, tem de ser elaborado dentro
de um plano que considere a condição física da pessoa e a evolução de sua
resposta aos exercícios. Por isso, recomendam os médicos, é fundamental
acompanhamento de um profissional de educação física em qualquer atividade.
fonte:
nadadoresinstantaneos
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